segunda-feira, 24 de agosto de 2009

ÚLTIMO DIA DE TRABALHOS ARQUEOLÓGICOS NA IGREJA

Acerto lateral de zona de sepulturas da sondagem 1 - junto ao altar do Sagrado Coração de Jesus:

Escavação de sepultura de mulher adulta, na sondagem 1 (situada ao lado da pedra tumular). Trabalho efectuado com a colaboração do voluntário polaco, Grezgorz Derylo:Frente e verso de moeda de bronze encontrada na sondagem 2. É da época de D. João V e está datada de 1734 (fotografias ampliadas):

Cadáver feminino encontrado no aprofundamento da sondagem 1, junto à pedra tumular:

Visão actual da Igreja:

Alegria no trabalho:

Hora da partida:

Momento da despedida:

ATÉ BREVE!

domingo, 23 de agosto de 2009

Para que serve o nosso trabalho? (dos arqueólogos)

Os arqueólogos estudam sociedades do passado a partir dos vestígios que se preservaram, ao longo dos tempos. Este é um trabalho que incide sobre a acção dos homens nas paisagens que foram sendo transformadas. Os vestígios que procuramos contam sempre uma história que culmina no presente. Investigar esse percurso e compreender a sua formulação ajuda a entender o presente e que papel representamos no nosso tempo. Na pequena Igreja da Ota estão enterrados vestígios importantes para o processo de conhecimento desta comunidade. O trabalho realizado, eminentemente de diagnóstico, permitiu confirmar o potencial patrimonial e científico dos contextos arqueológicos presentes. Parte deles, refere-se ao edifício, à sua fundação e evolução; a continuação dos trabalhos poderá clarificar a que época específica remonta a actual Igreja, sendo de considerar a hipótese de ter uma origem anterior ao século XVI, período a que remontam determinados elementos arquitectónicos visíveis. Outros contextos, relacionam-se com a utilização do seu interior como cemitério da comunidade; com o passar do tempo, após a proibição de sepultar no interior das ingrejas ocorrida no século XIX, foi-se esbatendo a noção da sua relevância como espaço de memória dos antepassados. Os trabalhos arqueológicos realizados permitiram, para além da reabilitação da memória do significado deste espaço, demonstrar que a partir do seu estudo poderemos: - conhecer melhor este espaço sagrado que foi sendo arquitectado ao longo do tempo; - conhecer de forma detalhada os rituais funerários da comunidade ao longo dos séculos; não esquecer que o tratamento dos mortos reflecte a mentalidade dos vivos; - conhecer como se viveu na Ota ao longo dos séculos; que problemas de saúde afligiam as populações? que doenças tiveram? de que morreram? como era a sua alimentação? como era a sua qualidade de vida? A Arqueologia, ajuda a contar a história de uma comunidade; os documentos escritos são mais raros e normalmente selectivos reflectindo a vivência de grupos priviligiados que os redigiram; os restos que a terra esconde são, normalmente, mais democráticos porque mais abrangentes (neste caso, quem seria sepultado aqui?). Cruzar fontes históricas e fontes arqueológicas é fundamental para aprofundar a investigação que se poderá realizar a partir dos trabalhos realizados.

sábado, 22 de agosto de 2009

PONTO DA SITUAÇÃO A 21 DE AGOSTO 2009

1. Os trabalhos de arqueologia têm-se revelado de grande interesse cientifico que o relatório e os futuros estudos irão sublinhar e desenvolver. Esses resultados serão apresentados à população de Ota em meados de Outubro numa sessão publica (data provável, 18 de Outubro).

2. Suspensão temporária dos trabalhos de arqueologia na próxima segunda-feira, dia 25 de Agosto. Seria ideal poder continuar os trabalhos de campo, de investigação e de escavação mas de momento a Igreja Paroquial não pode dispensar mais recursos financeiros. Temos a consciência de ter feito o que podíamos e devíamos fazer, em relação a esta herança espiritual, cultural e histórica. Mais ainda, ficamos agora com o sentido de responsabilidade de "não ficar por aqui" e de tudo fazer para que assim que seja possível, continuar o que começamos. Portanto, até se conseguir o patrocínio de qualquer entidade ou empresa, iremos suspender esta investigação. Entretanto o chão da igreja será feito de modo tal que os trabalhos de arqueologia possam sempre ser continuados.

3.O enterramento das ossadas encontradas será feito na nossa igreja paroquial num ou em dois túmulos, construídos em cimento. O lugar e a forma está a ser estudada pelos técnicos e pelo arquitecto.

4. O "espólio" encontrado ficará de momento sobre a responsabilidade da ERA-Arqueologia a qual irá assegurar a limpeza e recuperação de todas as peças encontradas. O património encontrado, esteja onde estiver por motivos de segurança e de conservação, será sempre património da Comunidade de Ota. E se um dia tivermos condições museológicas de o conservar em Ota assim será.

5. A arqueologia do edifício da igreja (estudo das paredes e da construção antiga)tem que continuar. Os resultados obtidos são desde já interessantíssimos. Reveladores de segredos inauditos !!! Nunca se ouviu falar da belíssima abertura, agora descoberta, na parede esquerda da nave da igreja. E a parede da torre da igreja, agora posta a nu, revela-nos uma igual beleza que nos comove. Há arte esquecida nos muros da igreja que não pode continuar escondida.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

À PROCURA DE OUTRO LUGAR PARA DEPOSITAR AS OSSADAS

Estava previsto fazer o depósito das ossadas numa das duas escavações que estão a decorrer. Contudo, ainda não conseguimos chegar ao fundo em nenhuma dessas sondagens e portanto, não podemos construir um túmulo sobre outros enterramentos. Por outro lado tb não podemos prosseguir as escavações por causa dos custos que isso acarreta. Decidiu-se então avançar com uma escavação numa zona que se encontrou sem enterramentos. Aí se fará um dos túmulos onde se depositará definitivamente os "restos mortais" dos nossos queridos antepassados. Esse lugar é aos pés do altar da Nossa Senhora da Piedade. Esta escavação ficou definida como Zona Quatro:

VISITA DO DIRECTOR E COORDENADORA DO PROJECTO ARQUEOLÓGICO

21 de Agosto de 2009

O Director da "ERA ARQUEOLOGIA", Miguel Lago (à direita), e a Coordenadora do projecto "Igreja Ota", Inês Mendes Silva, acompanhados da Directora Científica, Susana Pires, do Antropólogo Biológico Álvaro Figueiredo e o Técnico de Arqueologia Bruno Moreira (não se vê na foto) e o Pe. Manuel Silva (à esquerda):

A ANALISAR O PONTO DA SITUAÇÃO (veja acima as conclusões)

CONTINUAÇÃO DOS TRABALHOS

Corpo de criança recém nascida: Executando o desenho georeferenciado:
Colaboração de jovens entusiastas de Ota:
Miguel Simões aprofunda a escavação na sondagem 2:
O Bruno procede à execução de escavação na sondagem 1, para recolha de mais dados:
Continuação da remoção de reboco da parede. O que terá sido esta abertura? um pulpito antigo? Uma grande janela, estreita mas esguia?
Parede da escadaria que dá acesso ao coro. A abertura para a nave da Igreja, que foi encontrada por baixo da escada prolonga-se pela parede acima. Está muito bem conservada e tem uma profundidade de 55 cm, isto é, vai quase até os azulejos!!!
Desenhos dos planos de escavação nas duas sondagens: Continuação da escavação para recolha de dados mais específicos, até atingir extracto virgem: Dr. Susana e os jovens colaboradores de Ota, junto à sondagem 2:

Nelson Mota, voluntário

19 anos, estudante, residente em Ota, voluntário.

André Lopes, voluntário

19 anos, estudante, residente em Ota, voluntário.

Faustino Nzimba Capitão, pedreiro

De Angola, Uíge, pedreiro.

Miguel Simões, pedreiro

Pedreiro, tem 46 anos e desde os 14 anos que trabalha nesta profissão. O trabalho e a vida foram a sua escola.

Bruno Moreira, técnico de arqueologia

Técnico de Arqueologia, formado na Escola Profissional e Recuperação do Património, em Sintra. Desde 2006 que trabalha em arqueologia.

Susana Pires, arqueóloga

Licenciada em História, variante arqueologia, pela Universidade Nova de Lisboa, mestranda na Universidade de Letras de Lisboa, em arqueologia. Tem desenvolvido trabalhos de arqueologia desde 2001. A sua tese de licenciatura foi sobre o Castro de Cendufe (Arcos de Valdevez)e a cultura castreja (i.e. acerca dos castros).

Dia 20 de Agosto, 20:30H VISITA DO ENG. FLORINDO CANAS

Visitou as obras da igreja com o fim de avançar com o seu projecto de climatização. O Eng.Canas tem desenvolvido estudos na área da climatização dos edifícios, a partir das potencialidades naturais dos mesmos. Juntando os conhecimentos científicos mais modernos às técnicas de construção seculares, propõe soluções naturais e económicas. Aguardamos com curiosidade e expectativa a sua proposta.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

CONTINUAÇÃO DOS TRABALHOS

Nova medalha de bronze encontrada nas escavações:
Trabalhos de limpeza, aprofundamento e alargamento de sepulturas, com a colaboração de jovens de Ota:
Marcas de tecido da mortalha, sobre a cal que envolvia os pés de cadáver:
No cadáver completo do sexo feminino (Sondagem 2), exibido na 1.ª e 2.ª fotos imediatamente abaixo, foi detectada a existência de uma coroa de flores, podendo assim tratar-se de uma donzela. Através da 3.ª foto, poderá ver-se o cabelo e alguns dentes, na área da cabeça que se encontra esmagada pelas obras anteriores na Igreja. Na 4.ª, encontram-se exibidos, colchetes e um botão do vestuário do mesmo cadáver. Por último, na 5.ª foto poderemos ver as solas do seus sapatos:
Arqueólogos definem metodologia a aplicar:
Visita dos Técnicos de Conservação e Restauro de Azulejaria - Loubet Simões e Ivo Férin, a fim de prepararem uma proposta de orçamento para o restauro dos azulejos da nossa Igreja: